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Gonçalo Trastemires
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No passado dia 1, completaram 987 anos que morreu Gonçalo Trastemires, segundo Senhor da Maia, em Avioso.
A morte de Gonçalo Trastemires ocorre nas calendas de setembro, do ano de 1038. Ou seja, no dia 1 de setembro de 1038. O facto é registado de forma lacónica nas crónicas medievais, como se verifica nas transcrições abaixo.
Era M.ª LXX.ª VI.ª Occisus fuit Gonsalvus Trastamiriz in Avenoso, kalendas septembris. (Crónica Conimbricense)
Era MLXXVI.ª calend. Septembris, Gundisalvus Trastamiris occisus est in Avenoso. (Crónica Gótica)
Analisando passo a passo:
"Era M.ª LXX.ª VI.ª" – Este registo segue o sistema da Era Hispânica, que começa em 38 a.C. Assim, o ano 1076 corresponde a 1038 d.C.
"Occisus fuit Gonsalvus Trastamiriz" – traduz-se para "Foi morto Gonçalo Trastemires" (ou "Gonçalo, filho de Trastamiro").
"in Avenoso" – Avenoso era a forma medieval de Avioso.
"kalendas septembris” – as calendas de setembro indicam o dia 1 de setembro.
Vamos abster-nos de fazer a mesma análise para a frase da Crónica Gótica porque o significado é o mesmo. Mas por que razão foi morto Gonçalo Trastemires? A história não nos dá uma resposta definitiva, mas há duas hipóteses principais:
1. Conspiração moura
Segundo esta teoria, Gonçalo foi assassinado por mouros de Lamego, na altura ainda sob domínio islâmico. O motivo? A sua liderança na conquista definitiva do castelo de Montemor-o-Velho, um golpe importante contra o poder muçulmano. No entanto, há um problema: em 1038, a região em que se inseria Avioso já não sofria ataques mouros há pelo menos duas décadas.
2. Conflito com a nobreza cristã
Outra possibilidade é que Gonçalo tenha morrido em combate contra outros nobres cristãos. Os senhores da Maia eram infanções — nobres de estatuto inferior aos condes — mas, segundo o historiador José Mattoso, por esta altura já começavam a exercer poderes públicos que antes estavam reservados aos grandes magnates. Um exemplo disso é um documento de 1032, onde Gonçalo, no Mosteiro de Leça do Balio, resolve uma disputa entre o Mosteiro da Vacariça e vários particulares.
Ambas as hipóteses são plausíveis. Não se trata de escolher um lado, mas de refletir sobre o contexto político e social da época. A morte de Gonçalo Trastemires é um episódio que nos convida a olhar com mais atenção para os jogos de poder e as tensões que moldaram a história medieval do território que viria a ser Portugal.
Figura 1: ANTT, Livro do Armeiro-Mor, fl. 101v.