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Rituais funerários e necrópoles no mundo romano
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Quando falamos de rituais fúnebres, como quase tudo o que diz respeito aos costumes romanos, temos de referir que estes podiam variar muito. Neste caso, variavam conforme o lugar e o estatuto social do defunto. A sociedade romana era extremamente hierarquizada e isso refletia-se em todos os aspetos da vida. E da morte. Resumidamente, o ritual tinha duas fases, a privada e a pública. Na fase privada, o corpo do falecido era preparado, a casa era devidamente ornamentada e a família funesta passava a envergar roupa preta, abandonando todos os cuidados de higiene. Na fase pública, o corpo era colocado no átrio da casa para ser velado por familiares e conhecidos. Esta fase era tanto mais prolongada quanto mais elevado fosse o estatuto social do morto, podendo chegar a sete dias de velório. A última parte do cerimonial era um cortejo desde a casa até à necrópole, onde carpideiras e músicos eram contratados para dar corpo ao sentimento da família. Quanto mais importante fosse o falecido, maior seria o espalhafato destes profissionais da morte. O rito terminava com a cremação ou inumação na necrópole. No final de cada ano, realizava-se um festival que servia para rememorar os finados.
Era em fevereiro, o último mês do calendário romano, que se realizava a Parentalia. Entre os dias 13 e 21, os templos eram encerrados, estava proibida a celebração de casamentos ou negócios, e os magistrados não usavam as suas insígnias. O festival decorria a maior parte do tempo na esfera privada. No último dia, o Paterfamilias tentava aplacar o ímpeto dos espíritos malignos (manes) com oferendas compostas por sal e pão embebido em vinho, além de flores (geralmente violetas). Este último dia chamava-se Feralia e era realizado na esfera pública, nas necrópoles. Segundo Ovídio, o poeta, a Feralia era o ritual mais antigo de todo o festival – que se terá tornado progressivamente mais complexo, com o avançar dos séculos – e servia de preparação para a Caristia, no dia seguinte, 22 de fevereiro. Na Caristia procurava-se, em privado, a reconciliação entre familiares desavindos, através da partilha de fausta refeição. Todavia, ironiza o poeta, tal reconciliação só era possível deixando de parte os membros da família que causavam problemas.
Na Maia, com a forte presença romana no território, certamente terão sido realizados estes rituais ou alguma variação dos mesmos. Temos registo de necrópoles romanas em Bicas (Vila Nova da Telha), Quelha Funda (Gueifães) e Forca (Castêlo da Maia). Estes locais tinham de cumprir duas regras básicas: ficar afastadas dos povoamentos e perto de estradas. Podemos afirmar com alguma segurança que, pelo menos a necrópole da Forca, cumpria tais requisitos, ficando perto da via Bracara Augusta-Cale e afastada dos povoamentos conhecidos para este período.
No Museu de História e Etnologia da Terra da Maia é possível ver um conjunto de cerâmica, praticamente intacta, proveniente da necrópole da Forca.
Legenda Imagem:
Museu Arqueológico de Sousse (Tunísia) Calendário em Mosaico – Fevereiro. Ad Meskens, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons