1842
Institucional5998
Notícias3802
Agenda: próximos eventos7451
Câmara Municipal4714
Editais e Avisos em vigor8679
Executivo Municipal4955
Reuniões da Câmara Municipal1202
Organização dos Serviços5644
Heráldica do Município7492
Informação Económico-Financeira e Patrimonial4158
Contratação Pública4881
MAIA 2028 - Plano Estratégico1648
Discussão Pública3393
Repositório Editais e Regulamentos3324
Obras em curso no Espaço Público2340
Sobreiro FASE IV5523
Reabilitação e reforço da super-estrutura da passagem superior à linha do caminho de ferro - Águas Santas5975
Construção de uma rotunda na confluência da avenida de N. Sra. da Natividade com a travessa Nova da Giesta, na freguesia de Pedrouços5205
Acordo quadro - beneficiação de vias municipais1085
Novo acesso à junta de freguesia de Águas Santas6161
Requalificação da rua da Igreja, rua da Escola e da rua da Seara, freguesia do Castelo da Maia2855
Retificação da Rua do Apeadeiro, em Mandim, na freguesia do Castêlo da Maia6621
Beneficiação da Rua de D. Amélia Moutinho Alves, freguesia de Pedrouços4420
Reforço da rede interna de águas pluviais7501
Requalificação da Via Lidador Igreja, freguesia de Vila Nova da Telha5193
Ligação da rede de drenagem de águas residuais à EN149484
Reabilitação de pontes de traves em granito, no rio Leça3321
Execução e fornecimento de protótipo de estrutura abrigo e mobiliário de apoio ao comércio e atividades complementares nos espaços de mercado-feira do município
4193
Índice de Transparência Municipal2718
Despachos do Presidente da Câmara Municipal9892
Participação em reunião de Câmara9810
Documentos
4740
Assembleia Municipal7248
Notícias9179
Composição600
Deputados da Assembleia Municipal da Maia7100
Mesa da Assembleia Municipal da Maia1772
Comissão de Trabalho das Atividades da Assembleia Municipal8284
Comissão da Proteção e Bem-Estar Animal8010
Comissão da Revisão do Regimento4901
Comissão de Transportes e Mobilidade5964
Comissão de Acompanhamento do Programa Estratégico do Parque Metropolitano da Maia
1407
Regimento3263
Galeria Fotográfica8993
Documentos5430
Publicações9747
Contactos8174
Participação em reunião da Assembleia
467
Apoio ao Consumidor6629
Recursos Humanos5029
Polícia Municipal1075
Proteção Civil6610
Provedor dos Munícipes1321
Plano de Mobilidade Sustentável9574
Planeamento4714
2ª Revisão ao PDM1438
Reabilitação Urbana7713
ARU Centro Cidade da Maia9460
ARU Águas Santas/ Pedrouços9502
ARU Núcleo Urbano Moreira/ V.N. Telha6123
ARU Ardegães5926
ARU Vila do Castêlo da Maia8579
ARU Expansão da Cidade4775
ARU Monte de Santa Cruz1917
ARU de Nogueira5312
ARU de Vila Nova da Telha9800
ARU Milheirós2049
ARU Central de Folgosa e S. Pedro Fins5883
ARU de S. Pedro Fins6331
Perguntas Frequentes sobre a Reabilitação Urbana8182
Projetos em curso953
Conceito de Obra de Reabilitação Urbana e Procedimentos
9067
Tarifários Sociais de Água, Saneamento e Resíduos Urbanos da Maia2639
Programa Municipal de Emergência Social9441
Relações Internacionais4756
Inovação e Desenvolvimento6584
Planos Estratégicos1060
Programas e Projetos6875
Horizonte Europa9847
BaZe4290
Notícias8365
Imagina a cidade do futuro?7165
Balanço Zero de Carbono3030
Living Lab Maia7649
Conceito913
Objetivos6050
Pacotes de Trabalho e Ações9373
BaZe Oficina3342
Parceiros2678
Contactos
5251
URBACT1110
EIT Climate - KIC4448
Participation4All
6072
ISI: Plataforma de Gestão Urbana
5434
Gestão Urbana2830
Regulamentos Municipais4420
BUPi - Balcão Único do Prédio8999
Atendimento Municipal1870
Agendamentos3083
Serviços Online2787
Área de Munícipe1935
Editar Dados Pessoais7639
Os Meus Serviços6727
As Minhas Preferências5560
Comentários8252
Serviços Online938
Serviços Online5576
Formulários3338
Consultar9459
Contratos de Águas8995
Histórico de Interações3661
Faturas7601
Educandos8704
Lugares de Feira2468
Processos de Contraordenação4727
Habitação3735
Processos de Urbanismo8699
Licenças de Processos de Urbanismo1054
Processos de Publicidade1428
Processos de Urbanismo3987
Processos de Urbanismo8187
Processos de Urbanismo
554
Área Reservada
9863
Empresas Municipais6465
Sistema de Gestão6322
Requerimentos4681
Metrologia81
Boletins Municipais8749
Juntas de Freguesia4452
Eleições Europeias 20242622
Prestação Serviços de Medicina do Trabalho7876
Canal de Denúncias1151
Contactos
9019
Viver7404
Desenvolvimento Social e Demografia8329
Pelouro de Desenvolvimento Social e Demografia8095
Notícias e Eventos2530
Contacto da Divisão de Desenvolvimento Social5064
Apoio Alimentar8806
Apoio ao Cidadão com Deficiência7318
Banco Municipal de Produtos de Apoio9021
Cabaz de Natal2362
Chave de Afetos -Teleassistência para Idosos5048
Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Maia3484
COMPROMISSUM- Centro de Voluntariado da Maia4004
Entidades Solidárias4077
Gabinetes de Atendimento Integrado Local - SAAS da Maia2305
Guia de Recursos Sociais do Município8140
Por Freguesia6930
Por Resposta Social472
I. Juntas de Freguesia do Concelho7350
II. Instituições de Solidariedade Social7271
III. Conferências Vicentinas6926
IV. Serviços e Equipamentos para Crianças e Jovens6708
V. Serviços e Equipamentos para Pessoas com Deficiência1458
VI. Serviços e Equipamentos de Apoio a Idosos2074
VII. Serviços e Equipamentos para a Família e a Comunidade444
VIII. Serviços e Equipamentos de Apoio aos Cidadãos Imigrantes9696
IX. Apoio Alimentar2481
X. Serviços e Equipamentos na Área da Saúde949
XI. Outros Recursos de Apoio Social2027
XII. Contactos Úteis
983
Habitação Social Municipal1893
Igualdade e Não Discriminação5794
Maia Melhor9363
Missão “Sorrisos de Esperança”6978
Programa Municipal de Emergência Social4445
Programa Municipal de Saúde Sénior 60+8297
Programa “Policia Municipal, Proximidade Maior”3467
Projeto 55 +317
Programa Recrimaia235
Rede Social da Maia146
Serviço de Pequenas Reparações ao Domícilio178
Tarifários Sociais de Água, Saneamento e Resíduos Urbanos da Maia9137
Outros Projetos9229
Mapa Site
7541
Ambiente2082
Notícias1339
Eventos4079
Ambiente6916
Ar6060
Ruído1938
Água8378
Resíduos2571
Biodiversidade e Solo8292
Espaços Verdes2829
Ecocaminho2780
Jardim do Chantre6448
Quinta da Gruta2256
Parque de Avioso - S. Pedro2507
Jardim da Praça dos Altos8791
Parque Central da Maia5194
Parque Urbano do Novo Rumo19
Jardim do Aqueduto3141
Parque Urbano dos Maninhos817
Jardim do Património5551
Parque de Quires7415
Parque Ponte de Moreira5325
Parque Urbano dos Amores8200
Parque Urbano de Moutidos1435
Casa do Alto4190
Jardim da Granja6308
Jardim dos Mogos5425
Jardim Maria Angelina Oliveira Carvalho8860
Jardim Av. António Santos Leite8853
Jardim do Monte Penedo6661
Monte da Caverneira3919
Monte da Senhora da Hora894
Monte de Santo António8845
Monte de S. Miguel o Anjo9863
Monte de Santa Cruz4223
Monte de Santo Ovídeo4263
Quinta da Caverneira3759
Jardim da Pícua3757
Jardim do Alambique904
Jardim do Novo Horizonte3353
Jardim do Sport Clube8705
Bosque Autóctone3823
Jardim da Praceta Lino Maia9897
Jardim do Lago dos Maninhos384
Jardim do Olheiro1882
Jardim de Calvilhe36
Jardim do Solheirinho3642
Jardim de Frejufe2003
Jardim das Enxurreiras6235
Jardim do Rosmaninho8484
Jardim dos Arcos
4240
Floresta
2150
Desenvolvimento Sustentável1340
Educação Ambiental394
Bem-estar Animal7904
Sondagem6083
Alterações Climáticas3339
Contacte-nos8097
Hortas da Maia
6479
Cultura3060
Notícias e Eventos6031
Espaços Culturais3668
Estórias e Memórias9745
Heráldica Municipal1151
Património Cultural8330
Obras da Coleção de Arte da Câmara Municipal da Maia7660
Publicações8103
A Lã e o Linho1716
Aeródromo do Porto (Aeroporto de Pedras Rubras, 1940-1945)5752
Gastronomia e Religião4357
Os Tamanqueiros e os Pauzeiros da Maia6064
Subsídios para o estudo da medicina popular nas Terras da Maia4339
Gastronomia e Doçaria nas terras da Maia1447
A Maia e a Gastronomia3989
Cestos Florais Maiatos1282
A Árvore de Camilo9783
A Matança do Porco1754
Brevíssima História da Maia6486
A Campa do Preto7700
Romaria a Nossa Senhora do Bom Despacho2074
O Santo Lenho de Moreira3663
Canastras Florais3413
“ZMORK" para a Maia8259
UIVO 10 - Catálogo1848
UIVO 11 - Catálogo6620
Terra Maia7344
Livro MAM_219894
UIVO 13 - Catálogo
2437
Ilustres Maiatos1143
Álvaro Aurélio do Céu Oliveira295
Dr. Augusto Martins9216
Prof. Doutor Carlos Alberto Ferreira de Almeida6949
Gonçalo Mendes da Maia3008
Professor Doutor Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior3311
Prof. Dr. José Vieira de Carvalho5778
Conselheiro Luiz de Magalhães3748
Albino José Moreira6839
Dr. Manuel Ferreira Ribeiro5615
Paio Mendes da Maia5084
Padre João Vieira Neves Castro da Cruz2879
Visconte de Barreiros3513
Eurico Thomaz de Lima5257
Manuel Marques Pereira d' Oliveira2825
Comendador Augusto Simões Ferreira da Silva9509
Mestre António Costa238
Doutor António Cândido da Cruz Alvura9394
Altino Maia9959
D. José Alves Correia da Silva, o «Bispo de Fátima»1305
António José Ferreira Carvalho8489
Rafael Carlos Pereira de Sousa2397
Amálio Maia9117
Papiniano Carlos1282
Carolina Michaëlis
966
Peças Arqueológicas7098
Revista da Maia645
UIVO 11 - Mostra de Ilustração da Maia I Registo fotográfico inauguração2255
"O som da Revolução" - Mural 50 anos do 25 de Abril
6384
Biblioteca4117
Museu5091
Contactos7071
Bilheteira / Loja on-line7434
Inquérito de satisfação dos serviços (im-069)9005
Mera comunicação prévia de espetáculos de natureza artística285
Cultura Inclui
9513
Desporto9836
Pelouro do Desporto6133
Atividades Anuais9432
Eventos1144
Notícias3062
Trabalha Connosco4200
XIV Edição Jogos Eixo Atlântico - Maia´223927
Plano Estratégico Desenvolvimento Desportivo2476
Galeria de Imagens7083
Associativismo5445
Instalações Desportivas4488
Torneio Maia Jovem - 30ª Edição4814
Contactos
159
Educação e Ciência4753
Cartão Escolar Municipal7505
Rede Educativa3581
Oferta Formativa6235
Ementas/Refeições Escolares7309
Batas da Educação Pré-Escolar8990
Transporte Escolar470
Atividades de Enriquecimento Curricular6881
LUDI+7762
Projetos / Programas8009
PRR - Plano de Recuperação e Resiliência855
Conselho Municipal de Educação5220
Carta Educativa4973
Plano Educativo Municipal4624
Cidades Educadoras5584
Prémios de Mérito e Excelência Escolar7280
Regulamento dos Serviços Municipais de Educação4709
Contactos
8395
Juventude6521
Eventos2222
Férias Ativas Jovens1793
Férias Ativas Jovens | verão´245729
Férias Ativas Jovens | Páscoa´2469
Férias Ativas Jovens | Natal´237957
Férias Ativas Jovens | Verão´235020
Férias Ativas Jovens | Páscoa´231872
Férias Ativas Jovens | Natal´225932
Férias Ativas Jovens | Verão´224710
Férias Ativas Jovens | Páscoa´229330
Férias Ativas Jovens | Natal´215266
Férias Ativas Jovens | Natal´191442
Férias Ativas Jovens | Verão´195292
Férias Ativas Jovens | Páscoa´198682
Férias Ativas Jovens | Natal´186132
Férias Ativas Jovens | Verão´189587
Férias Ativas Jovens | Páscoa´189284
Férias Ativas Jovens | Natal´175612
Férias Ativas Jovens | Verão´175447
Férias Ativas Jovens | Páscoa´17
4478
Festival de Danças Urbanas4511
Festival de Teatro Jovem9384
Maia ShowCase5098
Break Even | 12.abr.244252
Mula Ruça | 03.jun.232290
Out Liars | 17.fev.234185
“FLEUMA” | 22.out.223796
On The Rocks - Out Liars | 17.set.22362
Concerto de Clarinete - Duarte Maia | 23.jul.229634
“Estranho Conhecido” | 29.mai.227148
Concerto de António Sousa | 30.ago.191067
Recital de José Miguel Borges | 14.abr.192887
“O Coiso” | 30.jun.18
2692
Programa “CONHECES?”9721
Verão´24 - 'Conheces?' Arouca?7005
Páscoa´24 - 'Conheces?' À descoberta da Maia4859
Natal´23 - Conheces?' Zoo da Maia?3023
Verão´23 - 'Conheces?' Vila Nova de Gaia?5759
Páscoa´23 - 'Conheces?' a Galeria da Biodiversidade/Centro Ciência Viva e o Jardim Botânico do Porto?1597
Natal´22 - Conheces?' Perlim?4127
Verão´22 - 'Conheces?' a Casa do Alto?4853
Páscoa´22 - 'Conheces?' Viana do Castelo?7229
Páscoa´18 - “CONHECES?” o teu Concelho?
212
Notícias544
Onde Estamos7308
O que Fazemos5041
Conselho Municipal de Juventude1627
Maia Rise Up3828
OPJM - Orçamento Participativo Jovem da Maia7734
Plano Municipal de Juventude8725
Associativismo Juvenil9772
Instagram5259
Galeria Multimédia7510
Link´s Úteis
2601
Investir9220
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A Maia e a Gastronomia
Sabemos, historicamente, que na Maia, desde tempos imemoriais, se criou gado bovino, quer para fornecer força de trabalho, puxando carros e alfaias, quer para a produção de leite, quer ainda para o aproveitamento da sua carne. Também o porco era um animal de eleição, embora o seu interesse fosse quase exclusivamente alimentar. No que toca aos cereais, o milho e o trigo eram reis, embora o centeio e as leguminosas como o feijão, a fava e a ervilha tivessem também uma importância nada negligenciável. E, obviamente, a batata. Também se produzia azeite, embora não em grande quantidade.
Só que, em primeiro lugar, uma coisa era o que se cultivava e o que se produzia e outra era o que se comia. O porco, por exemplo, que proporcionava os enchidos e os fumados, e que permitia conservar a carne salgada, era consumido, ao longo do ano, apenas em épocas especiais. A carne de vaca era, em muitos lares, só utilizada para «dieta». O carneiro era consumido e bastante apreciado nestas redondezas, mas quantas vezes a alimentação se fazia à base dos galináceos, o que já não era nada mau, e dos peixes de «baixa categoria», como eram a sardinha, o chicharro e outros que tais. E muitas das vezes o prato principal era mesmo a sopa, engrossada com unto e farinha, onde boiavam algumas couves, acompanhada por um naco de broa.
Serve este apontamento para consciencializar os meus leitores de que não se pode dizer que haja uma «gastronomia maiata», por duas ordens de razões. Primeiro, porque havia vários tipos de «casa» e de «família» e, logo, vários tipos de «possibilidade». Depois, porque muitos dos pratos que eram consumidos na Maia, quer pelos estratos mais altos quer pelos mais baixos, não eram apenas típicos daqui, mas de todo o Entre Douro e Minho.
Por outro lado, o facto de um dia ou outro se consumir um determinado alimento, não significava que o seu uso fosse corrente. É o caso, por exemplo, da carne de vaca, do capão, do bacalhau, que em muitas casas e a muitas mesas não era utilizado senão em dias especiais.
Dentro do capítulo das sopas, o caldo verde, o caldo de unto, a canja de galinha (muitas vezes com intuitos «curativos») e a sopa de nabos eram os mais frequentes. Mas também a sopa branca (de arroz e cebola), as migas de alho (com broa migada, dentes de alho, unto, sal e água a ferver) e as papas de nabiças eram apreciadas.
No que toca ao conduto, a gama era variada, em qualidade e quantidade. Da meia sardinha frita ou assada, em mesas pobres, à vitela assada nas mais afortunadas, vários destaques se podem fazer. É o caso do cabrito (que muitas vezes era anho ou mesmo carneiro) assado no forno ou suado, dos rojões, do cozido, dito à portuguesa mas que na realidade, e neste caso, era muito mais à moda do Minho, do bacalhau cozido com todos regado com azeite, do bacalhau assado e do saborosíssimo «farrapo velho», exemplo típico de magnífico aproveitamento das sobras do bacalhau cozido. Ainda o arroz de cabidela, os bolinhos e as iscas de bacalhau, e no peixe, as fanecas, os chicharros e as já referidas sardinhas, assadas, fritas ou de escabeche.
No capítulo da doçaria há que referir o pão doce, as broinhas doces, as rabanadas e a aletria. Pela Santa Eufémia, e às vezes em outras romarias, compravam-se os «melindres». E aí, ou noutros postos de venda, o famoso pão-de-ló do Bezerra de Famalicão. Mas isto em dias especiais. Outros espécimes, fortemente influenciados pelos mosteiros e conventos, como o tabafe e os pescoços de freira, por exemplo, só tinham lugar em mesas mais abastadas.
Não posso deixar também de referir o alimento por excelência – o pão.
O pão, que tem também uma forte carga religiosa e um simbolismo ímpar, era presença obrigatória e constante à mesa do pobre e à do rico. Quantas vezes, acompanhando o caldo, era mesmo a presença única.
Por isso gostaria de vos dar uma «receita». A da broa de milho, tal como sempre me lembro de uma ou duas vezes por semana a minha bisavó a cozer.
Entenda-se esta citação final como uma merecida homenagem às mulheres da Maia, de uma têmpera, de uma inteligência, de uma nobreza e de uma sensibilidade difíceis, se não mesmo impossíveis de igualar.
A Broa segundo a minha bisavó
Dois quilos de farinha milha para um quarto de quilo de farinha centeia.
Tempera-se de sal dois litros de água. Desfaz-se o crescente muito bem desfeito na farinha antes de principiar a amassar. Depois, vai-se deitando água e amassando, metendo toda a farinha milha. Amassa-se muito bem. Por fim junta-se a farinha centeia, não devendo depois disso levar mais água. Continua-se a amassar. Sabe-se que está amassada quando as mãos ficam limpas. Deixa-se levedar. Sabe-se que está pronta quando crescer. Deita-se farinha numa masseira e lança-se dentro a massa lêveda. Dá-se-lhe forma e coloca-se na pá de madeira que a leva ao forno, sobre folha de castanheiro, que lhe dava sabor e evitava que se "pegasse" ao fundo do forno (ou, à sua míngua, uma couve).
Todo este processo era acompanhado de alguns rituais, de fundo magico-religioso, com especial destaque para o fazer cruzes na massa sempre que se virava para amassar, e a oração "São Vicente te acrescente, S. Mamede te levede, e S. João te faça pão".
Cheio o forno, antes de se barrar a porta (às vezes com matéria prima menos escorreita que o barro), uma nova oração: “Deus te acrescente dentro do forno, fora do forno e pelo mundo todo”.
5 a 6 horas depois está consumado o milagre – a broa.
Entenda-se esta citação final como uma merecida homenagem às mulheres da Maia, de uma têmpera, de uma inteligência, de uma nobreza e de uma sensibilidade difíceis, se não mesmo impossíveis de igualar.
Natal e Gastronomia na Maia
Não há um «Natal» mas sim vários «Natais» na tradição maiata. O Natal de uma casa rica, de um grande lavrador por exemplo, não era o mesmo Natal de uma casa de um pequeno agricultor, de um trabalhador agrícola ou de um operário, como quase podemos dizer que hoje acontece.
As diferenças de poder aquisitivo, e, por consequência, de práticas e de costumes, eram enormes.
Convém desde logo estabelecer, à partida, que nem Pai Natal, nem Árvore de Natal nem Presépio são tradições arreigadas desde tempos imemoriais, bem pelo contrário. Aparecem, este último, por influência erudita, nos fins do séc. XIX, e a árvore e o simpático velhinho apenas em pleno século XX.
O Natal era ainda não há muito (até à década de sessenta), aquilo que as posses de cada um permitiam. Ceia do Natal, mais pobre ou mais rica, é que tinha de haver.
O Bacalhau com batatas e pencas, bem regado com bom azeite ou com molho fervido, o Polvo, o Galo caseiro, o Capão, que o Peru é invenção estrangeira e tardia, estavam na consoada de quem os podia comprar ou de quem os criava.
O mesmo se pode dizer das doçarias, muitas delas de origem conventual, e cujos componentes, pelo seu preço, eram frequentemente impeditivos da sua degustação por todos – os pescoços de freira, o pão-de-ló, o bolo podre, os biscoitos secos, as broinhas de erva-doce, os formigos, o arroz doce, a aletria, os melindres, as migas doces, as rabanadas, mais dispendiosos os primeiros, mais acessíveis os últimos, ornamentavam a mesa de alguns.
Finda esta Ceia, rumava-se à Missa do Galo, celebrada à meia-noite. Esta era uma celebração de festa e de alegria partilhada por todos, nomeadamente quando chegava o momento de «beijar o menino». Depois da Missa, e chegados a casa, aguardavam-nos os restos (e que restos) da ceia, a que se juntava o «vinho quente» e, para os mais novitos, o chocolate.
No dia seguinte logo pela manhã, era a Missa do Natal, finda a qual havia, frequentemente, um leilão de «segredos» ou «consoadas». Este foi muitas vezes crescendo em dimensão, e chegou a ser transferido para a tarde do próprio dia, quase se autonomizando.
E, claro, ninguém pensava noutra coisa senão em brincar com as novas prendas. Ao almoço, o bacalhau desfiado antecedia o prato de carne. Ao jantar, o delicioso farrapo velho, ou roupa velha, que, embora se fizesse várias vezes ao ano, sabia sempre melhor naquele dia.
Em todo este período do Natal aos Reis era frequente escutarem-se grupos de cantadores de «Janeiras», frequentemente constituídos apenas por vozes, por vezes acompanhadas por um ou outro instrumento mais simples (bombo ou ferrinhos) ou, eventualmente, um instrumento de cordas. A estes grupos se dava muitas vezes uma contribuição em dinheiro e de comer e de beber.
Tradição típica da Terra da Maia era a dos Reiseiros, que ficaram justamente conhecidos, no Entre Douro e Minho como na margem sul do Douro, como os Reiseiros da Maia. As «Reisadas» eram verdadeiros «autos», inspirados na vida, paixão e morte de Cristo, materializados em manuscritos a que se dá o nome de «cascos», onde estavam contidas as falas de cada um das personagens, bem como outros apontamentos de índole. Estes «autos» eram representados em locais muitas vezes improvisados, sendo que às vezes se juntavam dois carros de bois, traseira contra traseira, e aí se procedia à representação
Os trajos, quase sempre de confecção própria, tinham, como toda a representação, uma forte carga de ingenuidade, de naïf, característico destes tempos.
Eis alguns dos costumes que, na Maia, se associavam ao Natal.
Para saber mais:
- Armando Mário Moreira Tavares. “Gastronomia e doçarias nas Terras da Maia” in Actas do Congresso de Cultura Popular, Vol. II. Maia: Câmara Municipal, 2000.
- José Augusto Maia Marques. “Pão, Agricultura e Alimentação”, in Fórum 1999-2001 – Comunicações, Avintes: Junta de Freguesia de Avintes, 2001.
- José Augusto Maia Marques. “Para uma arqueologia da alimentação” in Actas do 1º Congresso Nacional da Federação das Confrarias da Gastronomia Portuguesa. Santarém: F.N.C.G.P., 2004.
- Sebastião Pessanha – Doçaria Popular Portuguesa, Lisboa: Colares Editora, 1999 (reed.)