903
Institucional2911
Notícias7224
Agenda: próximos eventos7563
Câmara Municipal5217
Editais e Avisos em vigor2327
Executivo Municipal3686
Reuniões da Câmara Municipal1842
Organização dos Serviços3236
Heráldica do Município6910
Informação Económico-Financeira e Patrimonial3899
Contratação Pública8653
Discussão Pública2140
MAIA 2028 - Plano Estratégico4475
Repositório Editais e Regulamentos3639
Obras em curso no Espaço Público4155
Sobreiro FASE IV5869
Reabilitação e reforço da super-estrutura da passagem superior à linha do caminho de ferro - Águas Santas8170
Construção de uma rotunda na confluência da avenida de N. Sra. da Natividade com a travessa Nova da Giesta, na freguesia de Pedrouços3815
Acordo quadro - beneficiação de vias municipais8210
Novo acesso à junta de freguesia de Águas Santas1899
Requalificação da rua da Igreja, rua da Escola e da rua da Seara, freguesia do Castelo da Maia4159
Retificação da Rua do Apeadeiro, em Mandim, na freguesia do Castêlo da Maia5496
Beneficiação da Rua de D. Amélia Moutinho Alves, freguesia de Pedrouços3987
Reforço da rede interna de águas pluviais6467
Requalificação da Via Lidador Igreja, freguesia de Vila Nova da Telha1721
Ligação da rede de drenagem de águas residuais à EN144159
Reabilitação de pontes de traves em granito, no rio Leça4889
Execução e fornecimento de protótipo de estrutura abrigo e mobiliário de apoio ao comércio e atividades complementares nos espaços de mercado-feira do município
4116
Índice de Transparência Municipal623
Despachos do Presidente da Câmara Municipal5677
Participação em reunião de Câmara6369
Documentos
3880
Assembleia Municipal6573
Notícias9660
Composição8813
Deputados da Assembleia Municipal da Maia4335
Mesa da Assembleia Municipal da Maia9417
Comissão de Trabalho das Atividades da Assembleia Municipal9921
Comissão da Proteção e Bem-Estar Animal8832
Comissão da Revisão do Regimento8208
Comissão de Transportes e Mobilidade7002
Comissão de Acompanhamento do Programa Estratégico do Parque Metropolitano da Maia
6334
Regimento2026
Galeria Fotográfica5377
Documentos6583
Publicações1586
Contactos8408
Participação em reunião da Assembleia
474
Apoio ao Consumidor4414
Recursos Humanos6875
Polícia Municipal8746
Proteção Civil7633
Provedor dos Munícipes894
Plano de Mobilidade Sustentável6001
Planeamento308
2ª Revisão ao PDM2293
Reabilitação Urbana8818
ARU Centro Cidade da Maia2460
ARU Águas Santas/ Pedrouços7444
ARU Núcleo Urbano Moreira/ V.N. Telha652
ARU Ardegães9051
ARU Vila do Castêlo da Maia7955
ARU Monte de Santa Cruz2264
ARU Expansão da Cidade2802
ARU de Nogueira42
ARU de Vila Nova da Telha514
ARU Milheirós7394
ARU Central de Folgosa e S. Pedro Fins221
ARU de S. Pedro Fins9659
Perguntas Frequentes sobre a Reabilitação Urbana2019
Conceito de Obra de Reabilitação Urbana e Procedimentos1716
Projetos em curso
3284
Tarifários Sociais de Água, Saneamento e Resíduos Urbanos da Maia1763
Programa Municipal de Emergência Social1699
Relações Internacionais2655
Fundos Europeus9901
Gestão Urbana1890
Regulamentos Municipais5381
BUPi - Balcão Único do Prédio1352
Atendimento Municipal9150
Agendamentos9071
Serviços Online7968
Área de Munícipe3107
Editar Dados Pessoais1237
Os Meus Serviços9660
As Minhas Preferências8336
Comentários7516
Serviços Online660
Serviços Online9936
Formulários7361
Consultar572
Contratos de Águas2828
Histórico de Interações3617
Faturas7249
Educandos303
Lugares de Feira9261
Processos de Contraordenação6797
Habitação2819
Processos de Urbanismo5618
Licenças de Processos de Urbanismo2901
Processos de Publicidade4467
Processos de Urbanismo7288
Processos de Urbanismo6260
Processos de Urbanismo
1477
Área Reservada
5522
Empresas Municipais7739
Sistema de Gestão8773
Requerimentos8751
Metrologia4310
Boletins Municipais9774
Juntas de Freguesia51
Eleições Europeias 20249947
Prestação Serviços de Medicina do Trabalho6149
Canal de Denúncias2635
Contactos
6863
Viver9798
Desenvolvimento Social e Demografia1387
Pelouro de Desenvolvimento Social e Demografia3360
Notícias e Eventos6008
Contacto da Divisão de Desenvolvimento Social361
Apoio Alimentar9707
Apoio ao Cidadão com Deficiência1003
Banco Municipal de Produtos de Apoio3662
Cabaz de Natal3578
Chave de Afetos -Teleassistência para Idosos3005
Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Maia4
COMPROMISSUM- Centro de Voluntariado da Maia6287
Entidades Solidárias7555
Gabinetes de Atendimento Integrado Local - SAAS da Maia2792
Guia de Recursos Sociais do Município7427
Por Resposta Social9590
I. Juntas de Freguesia do Concelho4989
II. Instituições de Solidariedade Social9230
III. Conferências Vicentinas7221
IV. Serviços e Equipamentos para Crianças e Jovens7474
V. Serviços e Equipamentos para Pessoas com Deficiência2894
VI. Serviços e Equipamentos de Apoio a Idosos7144
VII. Serviços e Equipamentos para a Família e a Comunidade4187
VIII. Serviços e Equipamentos de Apoio aos Cidadãos Imigrantes6706
IX. Apoio Alimentar47
X. Serviços e Equipamentos na Área da Saúde6256
XI. Outros Recursos de Apoio Social5367
XII. Contactos Úteis
2430
Por Freguesia
5079
Habitação Social Municipal2488
Igualdade e Não Discriminação6176
Maia Melhor8866
Missão “Sorrisos de Esperança”1954
Programa Municipal de Emergência Social9960
Programa Municipal de Saúde Sénior 60+5402
Programa “Policia Municipal, Proximidade Maior”8764
Projeto 55 +8112
Programa Recrimaia7200
Rede Social da Maia3237
Serviço de Pequenas Reparações ao Domícilio7476
Tarifários Sociais de Água, Saneamento e Resíduos Urbanos da Maia6960
Outros Projetos4696
Mapa Site
5798
Ambiente560
Notícias9298
Eventos6564
Ambiente7041
Ar8514
Ruído8715
Água8608
Resíduos5452
Biodiversidade e Solo7900
Espaços Verdes9898
Ecocaminho3831
Jardim do Chantre9061
Quinta da Gruta7564
Parque de Avioso - S. Pedro495
Jardim da Praça dos Altos5659
Parque Central da Maia7232
Parque Urbano do Novo Rumo2727
Jardim do Aqueduto8236
Parque Urbano dos Maninhos3579
Jardim do Património6042
Parque de Quires2643
Parque Ponte de Moreira1256
Parque Urbano dos Amores231
Parque Urbano de Moutidos8664
Casa do Alto3276
Jardim da Granja1466
Jardim dos Mogos9435
Jardim Maria Angelina Oliveira Carvalho971
Jardim Av. António Santos Leite4986
Jardim do Monte Penedo2958
Monte da Caverneira937
Monte da Senhora da Hora1690
Monte de Santo António839
Monte de S. Miguel o Anjo1438
Monte de Santa Cruz8963
Monte de Santo Ovídeo4778
Quinta da Caverneira7208
Jardim da Pícua9554
Jardim do Alambique7780
Jardim do Novo Horizonte9815
Jardim do Sport Clube9962
Bosque Autóctone798
Jardim da Praceta Lino Maia6325
Jardim do Lago dos Maninhos1106
Jardim do Olheiro6464
Jardim de Calvilhe4352
Jardim do Solheirinho7005
Jardim de Frejufe175
Jardim das Enxurreiras5874
Jardim do Rosmaninho1028
Jardim dos Arcos
9001
Floresta
1210
Desenvolvimento Sustentável8698
Educação Ambiental8234
Bem-estar Animal3535
Sondagem8754
Alterações Climáticas6090
Contacte-nos6636
Hortas da Maia
2850
Cultura680
Notícias e Eventos9003
Espaços Culturais4234
Estórias e Memórias276
Heráldica Municipal5456
Património Cultural8642
Obras da Coleção de Arte da Câmara Municipal da Maia2802
Publicações4703
A Lã e o Linho5772
Aeródromo do Porto (Aeroporto de Pedras Rubras, 1940-1945)7602
Gastronomia e Religião3324
Os Tamanqueiros e os Pauzeiros da Maia2099
Subsídios para o estudo da medicina popular nas Terras da Maia3202
Gastronomia e Doçaria nas terras da Maia2967
A Maia e a Gastronomia8096
Cestos Florais Maiatos2152
A Árvore de Camilo1414
A Matança do Porco4138
Brevíssima História da Maia5643
A Campa do Preto132
Romaria a Nossa Senhora do Bom Despacho4898
O Santo Lenho de Moreira2461
Canastras Florais4175
“ZMORK" para a Maia3605
UIVO 10 - Catálogo9802
UIVO 11 - Catálogo6886
Livro MAM_218937
Terra Maia7741
UIVO 13 - Catálogo
9840
Ilustres Maiatos9040
Álvaro Aurélio do Céu Oliveira2059
Dr. Augusto Martins7796
Prof. Doutor Carlos Alberto Ferreira de Almeida20
Gonçalo Mendes da Maia8583
Professor Doutor Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior3494
Prof. Dr. José Vieira de Carvalho1870
Conselheiro Luiz de Magalhães51
Albino José Moreira4766
Dr. Manuel Ferreira Ribeiro6093
Paio Mendes da Maia7764
Padre João Vieira Neves Castro da Cruz738
Visconte de Barreiros9782
Eurico Thomaz de Lima9673
Manuel Marques Pereira d' Oliveira7375
Comendador Augusto Simões Ferreira da Silva4707
Mestre António Costa256
Doutor António Cândido da Cruz Alvura2592
Altino Maia8799
D. José Alves Correia da Silva, o «Bispo de Fátima»256
António José Ferreira Carvalho6133
Rafael Carlos Pereira de Sousa5050
Amálio Maia5840
Papiniano Carlos9173
Carolina Michaëlis
4460
Revista da Maia36
Peças Arqueológicas8361
UIVO 11 - Mostra de Ilustração da Maia I Registo fotográfico inauguração6100
"O som da Revolução" - Mural 50 anos do 25 de Abril
2867
Biblioteca6287
Museu2974
Contactos3067
Bilheteira / Loja on-line6747
Inquérito de satisfação dos serviços (im-069)6387
Cultura Inclui1555
Mera comunicação prévia de espetáculos de natureza artística
1566
Desporto3032
Pelouro do Desporto7718
Atividades Anuais1811
Eventos4348
Notícias3508
Trabalha Connosco570
Plano Estratégico Desenvolvimento Desportivo1319
XIV Edição Jogos Eixo Atlântico - Maia´226229
Galeria de Imagens7756
Associativismo619
Instalações Desportivas9777
Torneio Maia Jovem - 30ª Edição1441
Contactos
9531
Educação e Ciência1488
Cartão Escolar Municipal3051
Rede Educativa41
Oferta Formativa3317
Ementas/Refeições Escolares407
Batas da Educação Pré-Escolar7327
Transporte Escolar4031
Atividades de Enriquecimento Curricular5697
LUDI+2424
Projetos / Programas9057
PRR - Plano de Recuperação e Resiliência1688
Conselho Municipal de Educação8565
Carta Educativa2034
Plano Educativo Municipal2546
Cidades Educadoras6296
Prémios de Mérito e Excelência Escolar7814
Regulamento dos Serviços Municipais de Educação7022
Contactos
6375
Juventude4748
Eventos9344
Férias Ativas Jovens7767
Férias Ativas Jovens | verão´247593
Férias Ativas Jovens | Páscoa´245086
Férias Ativas Jovens | Natal´237626
Férias Ativas Jovens | Verão´236698
Férias Ativas Jovens | Páscoa´239285
Férias Ativas Jovens | Natal´221608
Férias Ativas Jovens | Verão´221368
Férias Ativas Jovens | Páscoa´221353
Férias Ativas Jovens | Natal´216616
Férias Ativas Jovens | Natal´19642
Férias Ativas Jovens | Verão´191313
Férias Ativas Jovens | Páscoa´199600
Férias Ativas Jovens | Natal´185117
Férias Ativas Jovens | Verão´187471
Férias Ativas Jovens | Páscoa´181043
Férias Ativas Jovens | Natal´179663
Férias Ativas Jovens | Verão´173999
Férias Ativas Jovens | Páscoa´17
7547
Festival de Danças Urbanas9082
Festival de Teatro Jovem7955
Maia ShowCase8967
Break Even | 12.abr.245144
Mula Ruça | 03.jun.239155
Out Liars | 17.fev.235453
“FLEUMA” | 22.out.224425
On The Rocks - Out Liars | 17.set.227441
Concerto de Clarinete - Duarte Maia | 23.jul.225486
“Estranho Conhecido” | 29.mai.225560
Concerto de António Sousa | 30.ago.199870
Recital de José Miguel Borges | 14.abr.195410
“O Coiso” | 30.jun.18
940
Programa “CONHECES?”9261
Verão´24 - 'Conheces?' Arouca?2353
Páscoa´24 - 'Conheces?' À descoberta da Maia9927
Natal´23 - Conheces?' Zoo da Maia?7174
Verão´23 - 'Conheces?' Vila Nova de Gaia?1606
Páscoa´23 - 'Conheces?' a Galeria da Biodiversidade/Centro Ciência Viva e o Jardim Botânico do Porto?8171
Natal´22 - Conheces?' Perlim?6428
Verão´22 - 'Conheces?' a Casa do Alto?2419
Páscoa´22 - 'Conheces?' Viana do Castelo?4211
Páscoa´18 - “CONHECES?” o teu Concelho?
2913
Notícias6163
Onde Estamos6670
O que Fazemos7345
Conselho Municipal de Juventude2729
Maia Rise Up8689
Plano Municipal de Juventude7970
OPJM - Orçamento Participativo Jovem da Maia1986
Associativismo Juvenil6184
Instagram9571
Galeria Multimédia1883
Link´s Úteis
94
Investir8961
MAIA GO – Apoio ao Investimento4283
Inovação e Desenvolvimento8341
Planos Estratégicos6147
Programas e Projetos94
Horizonte Europa5839
BaZe476
Notícias3494
Imagina a cidade do futuro?1547
Balanço Zero de Carbono665
Living Lab Maia3966
Conceito2359
Objetivos8481
Pacotes de Trabalho e Ações8322
BaZe Oficina9520
Parceiros4682
Contactos
6255
URBACT6185
EIT Climate - KIC5347
Participation4All
4756
ISI: Plataforma de Gestão Urbana
6248
Visitar
A Maia e a Gastronomia
Sabemos, historicamente, que na Maia, desde tempos imemoriais, se criou gado bovino, quer para fornecer força de trabalho, puxando carros e alfaias, quer para a produção de leite, quer ainda para o aproveitamento da sua carne. Também o porco era um animal de eleição, embora o seu interesse fosse quase exclusivamente alimentar. No que toca aos cereais, o milho e o trigo eram reis, embora o centeio e as leguminosas como o feijão, a fava e a ervilha tivessem também uma importância nada negligenciável. E, obviamente, a batata. Também se produzia azeite, embora não em grande quantidade.
Só que, em primeiro lugar, uma coisa era o que se cultivava e o que se produzia e outra era o que se comia. O porco, por exemplo, que proporcionava os enchidos e os fumados, e que permitia conservar a carne salgada, era consumido, ao longo do ano, apenas em épocas especiais. A carne de vaca era, em muitos lares, só utilizada para «dieta». O carneiro era consumido e bastante apreciado nestas redondezas, mas quantas vezes a alimentação se fazia à base dos galináceos, o que já não era nada mau, e dos peixes de «baixa categoria», como eram a sardinha, o chicharro e outros que tais. E muitas das vezes o prato principal era mesmo a sopa, engrossada com unto e farinha, onde boiavam algumas couves, acompanhada por um naco de broa.
Serve este apontamento para consciencializar os meus leitores de que não se pode dizer que haja uma «gastronomia maiata», por duas ordens de razões. Primeiro, porque havia vários tipos de «casa» e de «família» e, logo, vários tipos de «possibilidade». Depois, porque muitos dos pratos que eram consumidos na Maia, quer pelos estratos mais altos quer pelos mais baixos, não eram apenas típicos daqui, mas de todo o Entre Douro e Minho.
Por outro lado, o facto de um dia ou outro se consumir um determinado alimento, não significava que o seu uso fosse corrente. É o caso, por exemplo, da carne de vaca, do capão, do bacalhau, que em muitas casas e a muitas mesas não era utilizado senão em dias especiais.
Dentro do capítulo das sopas, o caldo verde, o caldo de unto, a canja de galinha (muitas vezes com intuitos «curativos») e a sopa de nabos eram os mais frequentes. Mas também a sopa branca (de arroz e cebola), as migas de alho (com broa migada, dentes de alho, unto, sal e água a ferver) e as papas de nabiças eram apreciadas.
No que toca ao conduto, a gama era variada, em qualidade e quantidade. Da meia sardinha frita ou assada, em mesas pobres, à vitela assada nas mais afortunadas, vários destaques se podem fazer. É o caso do cabrito (que muitas vezes era anho ou mesmo carneiro) assado no forno ou suado, dos rojões, do cozido, dito à portuguesa mas que na realidade, e neste caso, era muito mais à moda do Minho, do bacalhau cozido com todos regado com azeite, do bacalhau assado e do saborosíssimo «farrapo velho», exemplo típico de magnífico aproveitamento das sobras do bacalhau cozido. Ainda o arroz de cabidela, os bolinhos e as iscas de bacalhau, e no peixe, as fanecas, os chicharros e as já referidas sardinhas, assadas, fritas ou de escabeche.
No capítulo da doçaria há que referir o pão doce, as broinhas doces, as rabanadas e a aletria. Pela Santa Eufémia, e às vezes em outras romarias, compravam-se os «melindres». E aí, ou noutros postos de venda, o famoso pão-de-ló do Bezerra de Famalicão. Mas isto em dias especiais. Outros espécimes, fortemente influenciados pelos mosteiros e conventos, como o tabafe e os pescoços de freira, por exemplo, só tinham lugar em mesas mais abastadas.
Não posso deixar também de referir o alimento por excelência – o pão.
O pão, que tem também uma forte carga religiosa e um simbolismo ímpar, era presença obrigatória e constante à mesa do pobre e à do rico. Quantas vezes, acompanhando o caldo, era mesmo a presença única.
Por isso gostaria de vos dar uma «receita». A da broa de milho, tal como sempre me lembro de uma ou duas vezes por semana a minha bisavó a cozer.
Entenda-se esta citação final como uma merecida homenagem às mulheres da Maia, de uma têmpera, de uma inteligência, de uma nobreza e de uma sensibilidade difíceis, se não mesmo impossíveis de igualar.
A Broa segundo a minha bisavó
Dois quilos de farinha milha para um quarto de quilo de farinha centeia.
Tempera-se de sal dois litros de água. Desfaz-se o crescente muito bem desfeito na farinha antes de principiar a amassar. Depois, vai-se deitando água e amassando, metendo toda a farinha milha. Amassa-se muito bem. Por fim junta-se a farinha centeia, não devendo depois disso levar mais água. Continua-se a amassar. Sabe-se que está amassada quando as mãos ficam limpas. Deixa-se levedar. Sabe-se que está pronta quando crescer. Deita-se farinha numa masseira e lança-se dentro a massa lêveda. Dá-se-lhe forma e coloca-se na pá de madeira que a leva ao forno, sobre folha de castanheiro, que lhe dava sabor e evitava que se "pegasse" ao fundo do forno (ou, à sua míngua, uma couve).
Todo este processo era acompanhado de alguns rituais, de fundo magico-religioso, com especial destaque para o fazer cruzes na massa sempre que se virava para amassar, e a oração "São Vicente te acrescente, S. Mamede te levede, e S. João te faça pão".
Cheio o forno, antes de se barrar a porta (às vezes com matéria prima menos escorreita que o barro), uma nova oração: “Deus te acrescente dentro do forno, fora do forno e pelo mundo todo”.
5 a 6 horas depois está consumado o milagre – a broa.
Entenda-se esta citação final como uma merecida homenagem às mulheres da Maia, de uma têmpera, de uma inteligência, de uma nobreza e de uma sensibilidade difíceis, se não mesmo impossíveis de igualar.
Natal e Gastronomia na Maia
Não há um «Natal» mas sim vários «Natais» na tradição maiata. O Natal de uma casa rica, de um grande lavrador por exemplo, não era o mesmo Natal de uma casa de um pequeno agricultor, de um trabalhador agrícola ou de um operário, como quase podemos dizer que hoje acontece.
As diferenças de poder aquisitivo, e, por consequência, de práticas e de costumes, eram enormes.
Convém desde logo estabelecer, à partida, que nem Pai Natal, nem Árvore de Natal nem Presépio são tradições arreigadas desde tempos imemoriais, bem pelo contrário. Aparecem, este último, por influência erudita, nos fins do séc. XIX, e a árvore e o simpático velhinho apenas em pleno século XX.
O Natal era ainda não há muito (até à década de sessenta), aquilo que as posses de cada um permitiam. Ceia do Natal, mais pobre ou mais rica, é que tinha de haver.
O Bacalhau com batatas e pencas, bem regado com bom azeite ou com molho fervido, o Polvo, o Galo caseiro, o Capão, que o Peru é invenção estrangeira e tardia, estavam na consoada de quem os podia comprar ou de quem os criava.
O mesmo se pode dizer das doçarias, muitas delas de origem conventual, e cujos componentes, pelo seu preço, eram frequentemente impeditivos da sua degustação por todos – os pescoços de freira, o pão-de-ló, o bolo podre, os biscoitos secos, as broinhas de erva-doce, os formigos, o arroz doce, a aletria, os melindres, as migas doces, as rabanadas, mais dispendiosos os primeiros, mais acessíveis os últimos, ornamentavam a mesa de alguns.
Finda esta Ceia, rumava-se à Missa do Galo, celebrada à meia-noite. Esta era uma celebração de festa e de alegria partilhada por todos, nomeadamente quando chegava o momento de «beijar o menino». Depois da Missa, e chegados a casa, aguardavam-nos os restos (e que restos) da ceia, a que se juntava o «vinho quente» e, para os mais novitos, o chocolate.
No dia seguinte logo pela manhã, era a Missa do Natal, finda a qual havia, frequentemente, um leilão de «segredos» ou «consoadas». Este foi muitas vezes crescendo em dimensão, e chegou a ser transferido para a tarde do próprio dia, quase se autonomizando.
E, claro, ninguém pensava noutra coisa senão em brincar com as novas prendas. Ao almoço, o bacalhau desfiado antecedia o prato de carne. Ao jantar, o delicioso farrapo velho, ou roupa velha, que, embora se fizesse várias vezes ao ano, sabia sempre melhor naquele dia.
Em todo este período do Natal aos Reis era frequente escutarem-se grupos de cantadores de «Janeiras», frequentemente constituídos apenas por vozes, por vezes acompanhadas por um ou outro instrumento mais simples (bombo ou ferrinhos) ou, eventualmente, um instrumento de cordas. A estes grupos se dava muitas vezes uma contribuição em dinheiro e de comer e de beber.
Tradição típica da Terra da Maia era a dos Reiseiros, que ficaram justamente conhecidos, no Entre Douro e Minho como na margem sul do Douro, como os Reiseiros da Maia. As «Reisadas» eram verdadeiros «autos», inspirados na vida, paixão e morte de Cristo, materializados em manuscritos a que se dá o nome de «cascos», onde estavam contidas as falas de cada um das personagens, bem como outros apontamentos de índole. Estes «autos» eram representados em locais muitas vezes improvisados, sendo que às vezes se juntavam dois carros de bois, traseira contra traseira, e aí se procedia à representação
Os trajos, quase sempre de confecção própria, tinham, como toda a representação, uma forte carga de ingenuidade, de naïf, característico destes tempos.
Eis alguns dos costumes que, na Maia, se associavam ao Natal.
Para saber mais:
- Armando Mário Moreira Tavares. “Gastronomia e doçarias nas Terras da Maia” in Actas do Congresso de Cultura Popular, Vol. II. Maia: Câmara Municipal, 2000.
- José Augusto Maia Marques. “Pão, Agricultura e Alimentação”, in Fórum 1999-2001 – Comunicações, Avintes: Junta de Freguesia de Avintes, 2001.
- José Augusto Maia Marques. “Para uma arqueologia da alimentação” in Actas do 1º Congresso Nacional da Federação das Confrarias da Gastronomia Portuguesa. Santarém: F.N.C.G.P., 2004.
- Sebastião Pessanha – Doçaria Popular Portuguesa, Lisboa: Colares Editora, 1999 (reed.)